sexta-feira, 31 de maio de 2013

insanidade


por Luiz da Nóbrega  em Segunda, 20 de maio de 2013
Não sei de quase nada,
nem de quase ninguém,
é quase o fim e também
já pouco quero saber de mim.

Esta é a antiga prisão
da imaginável verdade
de ir seguindo uma razão
toda uma vida
e toda ela ser insanidade.

Depara-se-me um rio de gente
barrando o caminho,
se caio lá dentro
leva-me a corrente
mas vou sozinho.

Assim fico encalhado,
como barco desistente,
não por medo da água,
mas por uma mágoa dormente
que não me deixa dormir,
nem me quer acordado...

Vou, sonâmbulo, mirando montanhas,
tropeço na encosta de um sonho qualquer,
fujo das miragens de uma mulher,
ou de outras entranhas que toda a gente quer...
de ter família e um nome,
da não ter sede nem fome
de quase ninguém...

mas eu tenho e vou também
por esta vida de quase nada
apenas querendo dormir,
esperando ver além surgir
uma diferente madrugada.

Mas é impossível ser feliz sozinho,
já não sei se é solidão ou egoísmo,
ou se o esboço do caminho
é alucinação do alcoolismo.

Nestas torres de Babel
onde já diz o povo: "casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão"...
encontrei um papel novo para dizer que
onde não há coração todos falam 
mas ninguém dá a mão

Nenhum comentário:

Postar um comentário